Equipe do Blog , 11 de julho de 2012
Da Fundacentro
Cerca de 80 mil trabalhadores do setor de confecções das cidades de São Paulo e Osasco receberão cadeiras ergonômicas. As características foram especificadas por laudo elaborado pela Fundacentro.
A medida consta em cláusula da Convenção Coletiva de Trabalho negociada entre o Sindicato das Costureiras de São Paulo e Osasco e três sindicatos patronais: Sindicato da Indústria do Vestuário Masculino no Estado de São Paulo, Sindicato da Indústria do Vestuário Feminino e Infanto-Juvenil de São Paulo e Região, e Sindicato da Indústria de Camisas para Homem e Roupas Brancas de São Paulo.
Sete mil empresas terão prazo de um ano para cumprir o acordo, a contar da data da assinatura, 27 de junho de 2012.
“Foi uma conquista tripartite. Nossa ideia é que as empresas do setor se unam em grupos para comprar as cadeiras de um mesmo fabricante, para que o custo seja menor”, conta Ricardo Serrano, pesquisador da Fundacentro.
A descrição técnica das cadeiras ergonômicas deve ser criteriosamente embasada no laudo da Fundacentro.
“Há exigências como a qualidade da matéria-prima empregada na confecção do produto. A empresa também deve exigir dos fabricantes laudos técnicos em conformidade com as normas da ABNT como o de impacto e o de densidade de espuma”, acrescenta Serrano.
A troca de cadeiras se inspirou em ação realizada nas indústrias do setor de calçados em Birigui/SP. Nessa cidade, a negociação envolveu 256 empresas e 22 mil trabalhadores.
“A experiência de Birigui mostra que o afastamento por dores na coluna passou de primeiro lugar para quinto após a implantação das cadeiras”, garante a presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Calçados de Birigui, Milene Rodrigues.
“Os resultados já obtidos com o uso dessa cadeira mostram claramente a importância da inovação para o campo da Segurança e Saúde no Trabalho”, completa o presidente da Fundacentro, Eduardo de Azeredo Costa.
O presidente da Fundacentro avalia que a introdução de cadeiras ergonômicas trouxe ganhos para todos. Os trabalhadores tiveram redução importante do adoecimento e de dores resultantes de lesões osteomusculares. O aumento em produtividade ainda possibilitou aumento salarial nas negociações de dissídios subsequentes.
“Para os empresários, houve diminuição dos afastamentos com aumento da produtividade, o que levou à maior competitividade e ao aumento de vendas. Para o Governo, aumentou a arrecadação e diminuiu o gasto da previdência e com atenção médica”, conclui Costa. Os empregadores também perceberam as melhorias.
“Tivemos uma evolução. Após a implantação das cadeiras ergonômicas, os trabalhadores trabalham muito mais satisfeitos, têm mais saúde e rendem mais”, avalia o vice-presidente do Sindicato das Indústrias dos Calçados e Vestuários de Birigui, Wagner Aécio Poli.
Além da especificação das cadeiras ergonômicas, a Fundacentro desenvolveu inovações como tampo, pedal, mesas auxiliares e iluminação de LED para máquinas de costura.
“Todos os protótipos foram testados em situações reais de trabalho na linha de produção. O trabalhador valida a ação realizada”, diz Ricardo Serrano. A empresa em que Wagner Poli é diretor, Pé com Pé Calçados, abriu espaço para a realização de testes com os protótipos desenvolvidos pela Fundacentro.
“A maneira como tudo foi construído é muito positiva, pois levou em conta as opiniões de todas as partes. Não foi algo imposto, estamos abertos a melhorias”, explica Poli.Toda a ação realizada pela Fundacentro segue princípios ergonômicos.
“Na ergonomia, você tem que observar muito como o trabalhador trabalha”, afirma Serrano.
“As soluções são trazidas pelos trabalhadores. Observamos o posto de trabalho para chegar à resolução dos problemas.”
Ampliação – Todo esse trabalho começou em 2002, quando o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Calçados de Birigui procurou a Fundacentro para que realizasse uma análise ergonômica. Ricardo Serrano produziu um laudo ergonômico sobre o posto de trabalho.
“Isso foi importante porque as empresas adotaram o laudo da Fundacentro”, avalia Milene Rodrigues.
O trabalho realizado ganhou proporção nacional por meio da Conaccovest – Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias do Setor Têxtil, Vestuário, Couro e Calçados, que se tornou parceira da Fundacentro para ampliar a ação.
A Conaccovest já marcou um evento para divulgar os trabalhos desenvolvidos: o Seminário Saúde, Segurança e Meio Ambiente do Trabalho, que será realizado de 13 a 15 de setembro, na cidade de São Paulo, para apresentar a sindicalistas as ações realizadas junto com a Fundacentro.
“Esse conhecimento adquirido com a Fundacentro está sendo repassado aos sindicatos pela Conaccovest para que novos resultados sejam alcançados no Brasil”, explica Milene Rodrigues.
A ação também chegou a Londrina (Paraná), onde o Ministério Público do Trabalho solicitou que as cadeiras especificadas pela Fundacentro fossem adotadas.
Por volta de 13 mil trabalhadores já receberam cadeiras novas.
FONTE: http://blog.mte.gov.br/?p=8212