SALA LIMPA OU SALA CLASSIFICADA:
Como já mencionamos SALA LIMPA, é um AMBIENTE CONTROLADO sendo o controle ambiental definido em termos de contaminação por partículas viáveis e não viáveis, com controle de umidade, temperatura e pressão projetada e utilizada de forma a reduzir a introdução, a geração e a retenção de contaminantes em seu interior.
Para saber qual a classificação a ser seguida, é necessário saber qual a rigorosidades que o processo ou procedimento exige. Sabendo qual a necessidade saberemos qual classificação que será dada para a sala. Cada exigência remete a uma quantidade de particulados e, daí, a classificação da sala e dessa determinação partem todos os procedimentos necessários para que seja cumprida essa exigência.
Existem inúmeras normas, guias de GMP e legislações que são utilizados para as classificações de salas limpas.
Ex; INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 35, DE 21 DE AGOSTO DE 2019 (Publicada no DOU nº 162, de 22 de agosto de 2019) – Dispõe sobre as Boas Práticas de Fabricação complementares a Medicamentos Estéreis
É importante conhecer a correlação entre a classificação adotada pela sua empresa e as
outras existentes, pois em uma auditoria, o auditor pode usar uma outra terminologia e, no entanto, é exatamente a mesma classificação que a empresa possui.
Para adequar corretamente o mobiliário para sua sala limpa, criamos um espaço especia para adequações de Postos de Trabalho. Entre e veja – ADEQUAÇÃO DE SALAS LIMPAS.
De uma forma bastante básica, podemos usar as seguintes classificações para uma sala controlada:
Classificações básica de salas
Classificação de salas limpas de acordo com ISO 14644
Classificação de Salas limpas: áreas de grau A, B, C ou D
Salas limpas classe 100, 10.000 e 100.000
Áreas críticas, semicríticas e não críticas
Classificação de salas limpas de acordo com ISO 14644
Como sabemos, a Organização Internacional de Padronização (em inglês: ISO) é uma agência independente e não governamental que fornece padrões para diversos setores e publicou a ISO 14644 que rege padrões para salas limpas.
A designação de concentração de partículas no ar para salas limpas e zonas limpas de acordo com a ISO 14644 deve incluir: o número da classe ISO, expresso como ISO classe N; o estado de ocupação para o qual a classificação se aplica; e o (s) tamanho (s) de partícula (s) considerado (s). Para contagem de dois ou mais tamanhos considerados de partículas, o diâmetro da partícula maior (D2) deve ser no mínimo 1,5 vez maior que o diâmetro da partícula imediatamente menor (D1), ou seja, D2 ≥ 1,5 × D1.
Para efeitos de classificação, são consideradas somente as populações de partículas com distribuições cumulativas baseadas no limite inferior de tamanho variando de 0,1 μm a 5 μm.
A classificação pode ser realizada em repouso ou em operação.
ISO 14644 – partes:
NBR ISO 14644-1 Classificação da Limpeza do Ar – A NBR ISO 14644 classifica os níveis de pureza do ar em classes de 1 a 9.
NBR ISO 14644-2 Especificações para ensaio e monitoramento de salas limpas para provar contínua conformidade com a 14644-1
NBR ISO 14644-3 Métodos de Ensaio
NBR ISO 14644-4 Projeto, construção e partida (requisitos, planejamento, ensaios; aprovação e documentação)
NBR ISO 14644-5 Operações (vestimentas e treinamento; procedimentos operacionais e de limpeza)
NBR ISO 14644-6 Vocabulário
NBR ISO 14644-7 Dispositivos de separação (compartimentos de ar limpo, isoladores)
NBR ISO 14644-1 – Parte 1: Classificação da limpeza do ar- Abrange a classificação da limpeza do ar em salas limpas e ambientes controlados associados, exclusivamente em termos de concentração de partículas em suspensão no ar. Para o objetivo da classificação, são consideradas somente as populações de partículas com distribuições cumulativas baseadas em tamanhos limiares (limite inferior) variando entre 0,1 micrometro e 5 micrometros. A NBR ISO 14644-1 é aplicável para salas limpas em geral (não é uma norma específica para as indústrias farmacêuticas) sendo é utilizada para classificação das salas limpas quanto a partículas em suspensão no ar, ou seja, esta norma não trata de contaminação por microorganismos.
NBR ISO 14644-2 – Parte 2: Especificações para ensaios e monitoramento para comprovar a contínua conformidade com a ABNT NBR ISO 14644-1- Especifica requisitos para ensaios periódicos para sala ou zona limpa, para comprovar a contínua conformidade com a ABNT NBR ISO 14644-1, para classe designada de limpeza do ar para partículas em suspensão.
NBR ISO 14644-3 – Part 3: Metrologia e métodos de teste – Descreve os métodos de teste de salas limpas para validar sua condição de conformidade com a Norma.
NBRISO14644-4- Parte 4: Projeto, construção e partida- Especifica os requisitos para o projeto e construção de instalações de salas limpas, porém não prescreve meios tecnológicos ou contratuais específicos para atender à conformidade com esses requisitos. Destinam-se a usuários, fornecedores e projetistas de instalações de salas limpas e fornece uma lista de verificação para os parâmetros importantes de desempenho. Proporciona um guia de construção, incluindo requisitos para partida e qualificação. Os elementos básicos de projeto e construção, necessários para assegurar uma operação satisfatória contínua, são identificados levando-se em consideração os aspectos relevantes de operação e manutenção.
NBR ISO 14644-5 – Parte 5: Operações- Especifica requisitos básicos para as operações em salas limpas. Tem por objetivo atender às pessoas que utilizam e operam uma sala limpa. Os aspectos de segurança não ligados diretamente ao controle da contaminação não são levados em consideração nesta parte da ABNT NBR ISO 14644 e regulamentos de segurança nacionais e locais devem ser respeitados. Considera todas as classes de salas limpas utilizadas para a produção de todos os tipos de produtos. Em consequência, tem grande abrangência na sua aplicação e não leva em conta as exigências específicas de indústrias em particular.
NBR ISO 14644-6 – Part 6 – Termos e definições – Fornece uma coleção de termos e definições sobre salas limpas.
NBR ISO 14644-7 – Parte 7: Dispositivos de separação (compartimentos de ar limpo, gloveboxes, isoladores, miniambientes)- Especifica os requisitos mínimos de projeto, construção, instalação, execução de ensaios e aprovação dos dispositivos de separação, nos aspectos onde eles diferem das salas limpas.
NBR ISSO 14644-8 – Part 8 – Contaminação molecular – Aborda a contaminação gasosa em salas limpas
Classificação de Salas limpas: áreas de grau A, B, C ou D
De acordo com a ANVISA – A classificação em áreas limpas em grau A, B, C ou D, conforme as características da qualidade do ar, é dada pela RDC 210. A classificação de áreas limpas estabelecida na RDC 210 está baseada no documento técnico da OMS – WHO Technical Report Series, No. 902, 2002.
Nessa classificação, existe uma diferença entre o número máximo de partículas em suspensão no ar permitido para as condições “em repouso” e “em operação” como podemos ver na tabela abaixo
Essa classificação não apresenta a tabela com os limites máximos admissíveis para contaminação microbiológica, apesar de estar baseada no documento técnico da OMS.
* Assunto: Diretrizes sobre Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos – Consulta Pública nº 653, de 24 de maio de 2019
RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA – RDC Nº 658, DE 30 DE MARÇO DE 2022 – Dispõe sobre as Diretrizes Gerais de Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos.
De acordo com a OMS – Organização Mundial de Saúde (OMS ou WHO em inglês) – A OMS adota o mesmo sistema da EU GMP para classificação de áreas limpas, denominando as áreas limpas em graus A, D, C ou D. EU – GMP – Essas classificações estabelecem os limites para as partículas em suspensão no ar, nos estados ocupacionais “em repouso” e “em operação” e, também os limites para a contaminação microbiológica durante o monitoramento “em operação”. (ver as tabelas ).
Salas limpas classe 100, 10.000 e 100.000
Essa classificação era bastante comum no Brasil antes da publicação da norma ISO 14644-1, em 1999.
É uma norma americana que foi criada pela U.S. Federal Standard 209 – Airborne Particulate Cleanliness Classes in Clean Rooms and Clean Zones, que definia números máximos de partículas em suspensão no ar = 0,5 µm por pé cúbico. A primeira edição da Norma Federal Standard 209 data de 1963, nos Estados Unidos, sob o título “Clean Rooms and Workstation Requirements, Controlled Environments”.
Ex: uma sala limpa classe 10.0000 padrão nunca deve ultrapassar as 10.000 partículas maiores ou igual a 0,5 µm por pé cúbico.
As determinações eram dadas na condição “em repouso” e “em operação”.
A FS 209, nas suas primeiras versões, era utilizada apenas com unidades inglesas. Posteriormente, na revisão E, ela já apontava as demais unidades métricas correspondentes. No ano de 2001 a FS 209-E foi cancelada e substituída pelas partes 1 e 2 da norma ISO 14644.
A Norma Federal 209E datada de 11 de setembro de 1992 é cancelada e substituída pelas Normas da Organização Internacional de Padronização (ISO).
https://www.iest.org/Standards-RPs/ISO-Standards/FED-STD-209E
Em 2004, foi publicado o documento FDA Guidance for Industry – Sterile Drug Products Produced by Aseptic Processing – Current Good Manufacturing Practice. (Medicamentos estéreis produzidos por processamento asséptico — Boas práticas de fabricação atuais). Após a publicação desse documento, a designação de classe 100, 10.000 e 100.000 continuou em vigor, apesar do fato de a FS 209 estar cancelada. Segundo o FDA, uma vez que a classificação de sala limpa está definida, o limite deste ambiente está, automaticamente, definido da seguinte maneira:
• Partículas em suspensão no ar ≥ 0,5 µm;
• Partículas viáveis obtidas a partir da amostragem ativa do ar e das placas de sedimentação.
O documento do FDA estabeleceu os limites somente para as partículas ≥ 0,5 µm. Os limites para as partículas ≥ 5,0 µm não tem determinações estabelecidas pelo FDA.
É muito importante deixar claro que quando alguém diz que uma determinada sala é pertencente à classe 10.000, por exemplo, para que a especificação seja completa, é preciso fazer o complemento com o estado ocupacional desta sala. Isso, na prática, é necessário dizer que a sala é classe 10.000 em repouso ou em operação. Afinal, o documento do FDA não deixa específico o estado ocupacional da sala.
Resumindo – a qualidade do ar para salas limpas era descrita na Norma Federal 209 “Classes de limpeza de partículas transportadas pelo ar em salas limpas e zonas limpas” (A a D), onde as classes eram nomeadas de acordo com o número máximo de partículas de 0,5 micrômetros ou mais de diâmetro que é aceitável no ar.
ÁREAS CRÍTICAS, SEMI CRÍTICAS E NÃO CRÍTICAS
Como mencionado acima, algumas áreas que necessitam limpezas especiais por conta da rigorosidade das atividades são ambientes de estabelecimentos de saúde (EAS) onde as limpezas seguem padrões especiais por estarem ligadas a peculiaridade do serviço e essas áreas, nos EAS podem ser classificadas como: Área crítica, Área semicrítica e Área não crítica.
Área crítica – nessa área podemos ter 2 tipos de situação:
1- uma situação de “alto risco de contaminação” para o profissional ou seja quando estamos no caso de pacientes com patógenos com alta transmissividade, com infecções potencialmente contaminantes.
2- uma situação de alto risco de contaminação para o paciente ou seja, pacientes imunodeprimidos que não podem ter contato com qualquer agende infeccioso como em casos de pacientes imunodeprimidos, hemodiálises, unidade de queimados, etc..
Área semicrítica – nessa área sinalizamos um menor risco de transmissão de agentes de infecção em relação às áreas críticas. Áreas ocupadas por pacientes portadores de doenças infecciosas de baixa transmissibilidade ou mesmo de desconhecimento de tal infecções como por exemplo em enfermarias.
Área não crítica – são áreas que não estão em contato com pacientes ou as que podem estar em contato com pacientes, porém, sem processos infecciosos presente, daí não tendo risco de transmissão.
Exemplo: Almoxarifado, Serviços de imagem etc.
FINALIZANDO – SALAS LIMPAS
Nos últimos anos, temos observado mal-entendidos e confusão sobre a correlação entre os requisitos de limpeza ambiental da Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA) de 2004 para a fabricação de produtos estéreis e os da Agência Europeia de Medicamentos EudraLex Volume 4, Anexo 1.
Este mal-entendido, que começou antes do desaparecimento da Norma Federal 209, foi exacerbado pela introdução das normas do sistema de classificação de limpeza ISO em 1999 (14644-1:1999) e mais recentemente nas revisões de 2015 (14644-1:2015). Desde então, a situação tornou-se mais crítica porque os requisitos do Anexo 1 são replicados praticamente literalmente no Esquema de Cooperação em Inspeção Farmacêutica (PIC/S) e nos requisitos de boas práticas de fabricação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que são usados por reguladores em todo o mundo. . Esta ampla adopção de orientações regulamentares praticamente idênticas baseadas no sistema da União Europeia (UE) também agravou a situação.
Ficou claro neste material que existem diversas normas e documentos que são utilizados como referencial para determinar a classificação de uma sala limpa. É importante ressaltar que todas elas são válidas. A denominação de classe das salas limpas depende muito da legislação e do guia GMP que a empresa escolha adotar além, evidente, na especificidade e rigorosidade do processo.
Esperamos que as informações acima tenham auxiliado esse entendimento.
Este artigo não tem a pretensão de ser um guia para a classificação de ambientes e tampouco pode ou deve ser usado como tal. O objetivo deste artigo é ser explicação breve e simples sobre a classificação de ambientes uma vez que notamos que ainda existe confusão e desconhecimento do assunto no mercado. Muito se fala sobre salas limpas, áreas críticas, ambientes controlados, etc mas não se tem um claro entendimento do que se trata. Este é, apenas, um artigo elucidativo. Quando for adquirir uma serviço ou um material, converse com o especialista da empresa fornecedora encarregado desses entendimentos para verificar se, realmente, ele está te fornecendo o produto ou o serviços que realmente você e o seu processo necessita
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABNT NBR ISO 14644-1 (2005) – Salas limpas e ambientes controlados associados – Parte 1: Classificação da limpeza do ar.
RDC 210 / 2003 – ANVISA – Anexo 1 – Regulamento Técnico das Boas Práticas para a Fabricação de Medicamentos.
FDA Guidance for Industry – Sterile Drug Products Produced by Aseptic Processing – Current Good Manufacturing Practice – September/2004.
WHO TRS 902 – 2002 – Annex 6 – Good Manufacturing Practices for Sterile Products. https://www.who.int/docs/default-source/medicines/norms-and-standards/guidelines/production/trs961-annex6-gmp-sterile-pharmaceutical-products.pdf?sfvrsn=61682f0c_0
Salas Limpas – Norma Federal 209 – 2002 – https://www.engineeringtoolbox.com/clean-rooms-d_932.html
EudraLex Volume 4 – EU Guidelines to Good Manufacturing Practice – Medicinal Products for Human and Veterinary Use – Annex 1 – Manufacture of Sterile Medicinal Products – February/2008. https://health.ec.europa.eu/medicinal-products/eudralex/eudralex-volume-4_en
Consulta Pública nº 03 de 13/01/2009 – ANVISA – Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos.
PIC/S PE 009-8 – 15 January 2009 – Annex 1 – Manufacture of Sterile Medicinal Products.
Guidance for Industry Sterile Drug Products Produced by Aseptic Processing — Current Good Manufacturing Practice – 2004
Compreendendo as classificações de limpeza para instalações de ciências biológicas – Gordon J. Farquharson Norman A. Goldschmidt – 2017 – https://ispe.org/pharmaceutical-engineering/march-april-2017/understanding-cleanliness-classifications-life-science
Outras fontes
Documentos de orientação da FDA – https://www.fda.gov/regulatory-information/search-fda-guidance-documents
Normas da CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear. https://www.gov.br/cnen/pt-br
Dra. Célia Wada