Série de casos científicos de uso e detalhes sobre cintos abdominais lombares.
Rhonda L. Rundle
Reporter Efetiva do “The Wall Street Journal”
O “espartilho” pode voltar a ser moda no local de trabalho. Isso é o que afirma um importante estudo que constatou que seu uso reduz drasticamente a incidência de lesões na coluna lombar nos trabalhadores, principalmente aqueles que carregam materiais pesados.
O estudo conduzido por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles fornece as provas científicas mais substanciais da atualidade daquilo que se tornou uma das mais controvertidas questões sobre a segurança no trabalho nos EUA. Logo após um órgão do governo ter declarado que não havia provas da eficácia do colete de proteção, muitos empregadores começaram a desencorajar o seu uso.
O estudo da UCLA, cujo resultado deve ser publicado ainda hoje, constatou que os dispositivos de proteção de coluna reduziram a incidência de lesões na coluna lombar em um terço, em uma amostra de 36.000 funcionários da rede de Lojas de Materiais de Construções “Home Depot, Inc”. No período compreendido entre 1989 e 1994. O estudo comparou a taxa de incidência dessas lesões no período anterior e a partir da data em que essa empresa varejista de Atlanta tornou obrigatório o uso de coletes por todos os seus funcionários.
“Acompanhamos as lesões de coluna por anos a fio e são uma das pragas que assolam esse setor em todo o mundo,” diz Jess Kraus, professor da cadeira de Epidemiologia da UCLA e o principal responsável pelo estudo acima.
“Este estudo constatou um efeito bastante considerável, que apresentava um fundamento muito simples e convincente: é muito difícil contestá-lo, atribuindo o fenômeno ao acaso”.
As lesões da coluna lombar são responsáveis por 25 por cento do total das reclamações indenizatórias do trabalho, pagas por empregadores nos Estados Unidos e atingindo o montante de um bilhão de dólares em 1990, segundo estimativas oficiais.
“O custo econômico das lesões de coluna é alarmantes”, afirma Lawrence Fine, coordenador de ergonomia do National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH), um órgão de pesquisa do governo. Segundo Lawrence, um estudo recente constatou que o custo médio de um problema ou distúrbio na coluna lombar é de 8.300 dólares, mais do que o dobro do valor das indenizações ocupacionais trabalhistas comuns.
Ainda assim, o NIOSH mostrou-se cético em relação aos benefícios trazidos pelo uso de suporte-coletes. Em 1994, esse órgão revisou a literatura científica existente e concluiu que não havia provas suficientes que pudessem recomendar o uso dos suportes pelos trabalhadores sãos.
Os fabricantes começaram a insistir em seu uso no final da década de 1980, inspirados pelas pesadas cintas usadas em posição mais elevada nas costas por treinadores idôneos em levantamento de peso. Porém, posteriormente às conclusões do NIOSH, as vendas, de mais de 8 milhões de dólares em 1993, caíram no ano passado para cerca de 4 milhões, segundo estimativas do setor. O relatório NIOSH “foi um balde de água gelada sobre as vendas”, afirmou um porta-voz da Chase Ergonomics, Inc., de Albuquerque em Novo México, um dos inúmeros fabricantes desses dispositivos.
O estudo da UCLA foi um dentre os inúmeros outros que foram concluídos após o NIOSH ter apresentado suas conclusões. “A rigor, um estudo isolado não seria suficientemente capaz de resolver questões desse âmbito. Entretanto, o estudo da UCLA é suficientemente amplo e importante, que merece cuidadosa consideração.” diz Dr. Fine, “Para muitas empresas, este é o principal problema de saúde e segurança que estão enfrentando.”
Vários produtos diferentes de suporte de coluna foram utilizados pelos trabalhadores que participaram do estudo, sendo que os fabricantes não tiveram nenhum desembolso com a pesquisa. “Não foi um estudo sobre uma determinada marca ou fabricante,” afirma o Dr. Kraus. O estudo tampouco considerou o emprego de suportes de coluna fora do local de trabalho.
Feitos em poliéster de lycra preta, os coletes geralmente possuem entre 8 e 10 polegadas de largura e são enrolados ao redor da coluna lombar. Alguns possuem suspensórios, outros não. As cintas devem estar fortemente apertadas quando seu usuário estiver levantando peso, podendo ser desapertadas ou removidas em outras ocasiões, afirma o Dr. Kraus. No decurso do estudo, Dr. Kraus visitou 30 lojas da Home Depot para verificar se os funcionários dessas lojas estavam realmente utilizando os suportes constantemente.
Dr. Kraus, que é também o diretor do Centro de Pesquisa sobre a Prevenção de Acidentes da UCLA, no sul da Califórnia, conta que sua curiosidade foi despertada quando viu alguns funcionários utilizarem o suporte de coluna em uma loja da Home Depot, na área do Vale de San Fernando em Los Angeles. Como ocorre com a maior parte dos pesquisadores, no início da pesquisa, Dr. Kraus tinha suas dúvidas a respeito da eficácia dos suportes de coluna.
Alguns estudos haviam chegado a resultados equívocos, porém apresentavam-se repletos de problemas metodológicos, “lembra o Dr. Kraus.” Pensei então, e se os suportes forem verdadeiramente eficazes, e o que ocorre simplesmente é que ainda não produzimos uma pesquisa adequada para comprovar esse fato?” A 3-E Co., uma empresa de consultoria industrial de San Diego, apresentou-o aos diretores da Home Depot. que de pronto concordaram em colaborar com a pesquisa.
A Home Depot introduziu sua política de obrigatoriedade de uso do suporte de coluna entre 1990 e 1992.
“Embora ainda não houvesse provas de sua eficácia, acreditávamos que seu uso não faria mal nenhum,” afirma uma porta-voz da empresa. O estudo da UCLA orientou-se para os funcionários que trabalhavam nas 77 lojas que a rede possuía no estado da Califórnia, a despeito do fato de a política ter sido aplicada a todas as 450 lojas da rede nos Estados Unidos e Canadá.
O estudo revelou que o maior benefício dos suportes foi constatado em funcionários de 25 anos ou menos ou acima de 55 anos de idade. O cinto trouxe maior benefício aos indivíduos do sexo masculino do que aos do sexo feminino, embora executassem o mesmo tipo de tarefa, afirma Dr. Kraus. Entretanto, o pesquisador adverte que o estudo necessita ser reproduzido em outras empresas e setores antes que a questão da eficácia dos suportes de coluna seja resolvida definitivamente. O NIOSH acaba de empreender um estudo com os funcionários da Wal-Mart Stores Inc., o principal varejista de Bentonville, Arkansas.
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Publicado em Inglês no “The Wall Street Journal”, coluna “News Flash”, outubro de 1996
Traduzido do Original em inglês pela Bras Golden Ergonomics. Proibido sua divulgação sem autorização expressa da Bras Golden Ergonomics.