JAMIE OLIVER DEFENDE QUE SUPERMERCADOS COMBATAM A OBESIDADE

Jamie Oliver defende que supermercados combatam a obesidade

Para chef, o canal deve adotar a bandeira da alimentação saudável e formar um novo consumidor. Ele falou sobre o tema em Congresso da BrandLoyalty, especializada em programas de fidelidade.

Falar é fácil e fazer também. Jamie Oliver, famoso chef de cozinha britânico, não tem dúvidas sobre isso. Militante da alimentação saudável, ele firmou parceria com a BrandLoyalty, empresa holandesa com presença no Brasil, especializada em programas de fidelidade de curto prazo ao redor do mundo. Jamie Oliver participou de congresso realizado recentemente pela BrandLoyalty em Toronto, no Canadá, quando explicou as razões que tornam fundamental o maior consumo de alimentos frescos e naturais no combate a doenças como a obesidade. Ele também falou da importância de o varejo alimentar levantar a mesma bandeira nas lojas. Além de programas de culinária na TV, o chef mantém uma Fundação a fim de defender uma nutrição de maior qualidade, em especial entre as crianças. “Nossa realidade hoje não é nada boa e isso está diretamente relacionado ao excesso de peso entre crianças e adultos”, alertou.

O tema, sem dúvida, é preocupante. A OMS (Organização Mundial de Saúde, das Nações Unidas) já considera a obesidade uma epidemia global. Até 2025, a instituição acredita que o número de adultos obesos no mundo vai saltar dos atuais 640 milhões para 700 milhões. Já entre as crianças com menos de cinco anos, a alta será de 42 milhões para 75 milhões, no mesmo período. O número de mortes provocadas por doenças relacionadas a esse problema, como diabetes, também é alarmante – são mais de 3,7 milhões por ano no mundo, de acordo com a OMS.

O Brasil não fica atrás. Mais de 52,5% dos brasileiros apresentam índice de massa corporal (IMC) igual ou maior do que 25 – o que configura sobrepeso, conforme dados da Vigitel 2014 (Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico) divulgados pelo Ministério da Saúde. Não é à toa que a obesidade infantil passou a ser tratada no País como um dos maiores problemas de saúde pública. Segundo a OMS, as crianças de hoje fazem parte da primeira geração com expectativa de vida menor do que a de seus pais, devido à má alimentação e ao sedentarismo. Sem dúvida, é preciso conter esse avanço. Atualmente, apenas 24,1% dos brasileiros consomem a quantidade de frutas e hortaliças recomendada pela OMS, que é 400 gramas em cinco ou mais dias da semana. Quase 30% consomem carne com excesso de gordura e mais de 20% ainda tomam refrigerantes cinco vezes ou mais na semana. O sedentarismo é outro vilão. E só 35% dos brasileiros praticam alguma atividade física no tempo livre, conforme dados da Vigitel 2014.

Jamie Oliver acredita que os supermercados podem usar sua relação de proximidade com o público para informá-lo quanto a essa realidade e estimulá-lo a ter uma alimentação mais saudável. “Conhecimento é um ingrediente essencial nesse processo. Juntos podemos levar às crianças uma alimentação melhor. Mais natural e menos processada”, destacou o chefe.

O varejo alimentar pode contribuir com palestras para consumidores e funcionários sobre as propriedades benéficas de vários alimentos. Ou convidar crianças para uma visita à loja acompanhadas de nutricionista. A especialista falaria sobre a importância do consumo de verduras, legumes, frutas; e ensinaria a garotada a identificar cada produto (muitos jovens hoje não sabem identificar um pé de espinafre). Vale ainda resgatar o velho hábito de cozinhar, promovendo divertidas aulas de culinária para a criançada.

Não é papel das lojas demonizar os itens industrializados ricos em açúcar, gordura trans e sódio. Mas é possível oferecer mais promoções de alimentos saudáveis e naturais, melhorar a exposição e veicular anúncios, entre outras medidas. Em um artigo recente Jamie Oliver sugere a possibilidade de retirar doces e salgadinhos do checkstand. A verdade é que existe um movimento mundial, com participação de governos, organizações e pessoas para repensar o consumo alimentar. As próprias indústrias de alimentos e bebidas estão revendo a composição de muitos de seus produtos para minimizar os riscos à saúde e atender as necessidades do consumidor. Mudar os hábitos alimentares por meio de ações educativas é parte importante do caminho. “Ao se engajar, o varejo terá a oportunidade de contribuir com a sociedade e ganhar a confiança do consumidor”, defende Oliver.

Como a loja pode contribuir e vender mais

Veja nossa sugestão baseada em exemplo inspirado na livraria Saraiva. Trata-se de distribuir pelos setores ‘saudáveis’ plaquinhas assinadas por você e seus funcionários

Os depoimentos devem ser verdadeiros e o ideal é que sejam manuscritos (ainda que não estejam na letra do funcionário). Além do nome, coloque o cargo do funcionário. Com isso, você valoriza a equipe e cria empatia.

Exemplos

“Ouvi falar que fibras é importante para o corpo. Tento comprar mais verduras e legumes”
Maria, operadora de caixa.

“Sabia que nozes é boa para saúde?”
João, gerente de loja.

“Adoro aveia e fiquei sabendo que faz bem”
Lurdes, encarregada de seção.

“Eu coloquei peixe na dieta porque meu médico sugeriu.
Caio, repositor

“Queijos não faltam em casa porque têm muito cálcio
Vitória, operadora de caixa.

“Tomo uma taça de vinho por dia porque faz bem para o coração
Rogério, padeiro.

O que foi o Congresso

Realizado a cada 1 ou 2 anos, sempre num país diferente, o Retail Loyalty Congress, em sua VI edição, foi levado neste ano para Toronto, no Canadá. O evento é promovido pela BrandLoyalty, empresa especializada em programas de fidelidade de curto prazo, presente em 55 países, inclusive no Brasil. Aqui, a BrandLoyalty já formou parcerias com redes como Dia% e Pão de Açúcar. O congresso tem o objetivo de inspirar os participantes e neste ano trouxe o tema Getting Personal (atendimento mais pessoal) e palestrantes como Guy Terroux, executivo da rede canadense Sobeys, que ‘entrega’ ao consumidor o prazer de se alimentar; e Oscar Farinetti, fundador da rede Eataly, que inovou adotando a identidade gastronômica italiana – só vende itens típicos da Itália e as lojas ainda contam com restaurantes. Visitas guiadas a supermercados famosos de Toronto, como o Longo’s e o McEwan’s, este fundado por um chef de cozinha, também fizeram parte da programação. Entre as palestras técnicas destacou-se uma que abordou, entre outras coisas, o Small Data, solução que torna o Big Data mais humano. Isso acontece por meio da análise de informações mais específicas sobre o consumidor e ajuda o varejista a se aproximar de seu público. O evento contou com a presença de mais de 330 participantes de diferentes países, incluindo 75 CEO’s de 81 redes de varejo.

Obesidade no Brasil avançou 50,4% em 9 anos, até 2014 *Fonte: Vigitel 2014

15% das crianças ** estão com sobrepeso ou obesas **Fonte: Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica)

23% é quanto avançou * sobrepeso entre brasi leiros em 9 anos, até 2014 *Fonte: Vigitel 2014

70 mil cirurgias * bariátricas são realizadas no Brasil por ano para tratar a obesidade *Fonte: Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica

72.200 mortes por ano ** de brasileiros com mais de 30 anos são provocadas por diabetes, uma das principais doenças relacionadas ao excesso de peso **Fonte: OMS (Organização Mundial Saúde)

* Por Viviane Sousa*, de Toronto (Canadá) – 09/11/2016
A jornalista viajou a convite da BrandLoyalty

 

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