Redirecionamos a matéria da jornalista Emily Sobral pela importância do tema: http://www.segurancaocupacionales.com.br/como-dar-saude-ao-trabalhador-da-saude/comment-page-1/#comment-788
A saúde do trabalhador da saúde foi tema de palestra recente em Santos, São Paulo. Tereza Luiza Ferreira dos Santos, psicóloga e pesquisadora da Fundacentro, abordou as doenças e acidentes de trabalho sofridos por esses profissionais. Trata-se de uma ironia, pois são essas pessoas cujas atividades consistem em melhorar a saúde humana, que mais são vítimas de doenças e acidentes de trabalho. Isso é a consequência de uma organização do trabalho nos serviços de saúde do País que está longe de ser ideal. Se a própria população reconhece as más condições de atendimento no sistema de saúde público, no papel de pacientes, imagine os profissionais dessa área! As mesmas más condições para o paciente são enfrentadas todos os dias pelos profissionais.
Atualmente, estima-se que existam 2.566.694 trabalhadores de saúde, nas três esferas de governo e setor privado. De acordo com a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), os maiores números de auxílios de doenças correspondem às lesões por esforços repetitivos, transtornos mentais e acidentes com perfurocortantes. E os profissionais de saúde estão dentro dessas estatísticas. Em 2012, os CNAEs 86/87/88, em que estão enquadrados os profissionais da saúde, registraram 60 mil acidentes típicos, acidentes de trajeto e doenças do trabalho no Brasil.
Entre 2007 e 2010, os acidentes de trabalho envolvendo material biológico no Estado de São Paulo atingiram as respectivas categorias (52% auxiliar e técnico de enfermagem, 10% médicos, 6,7% enfermeiros, 6,3% estudantes, 5,7% auxiliares de limpeza, 1,8% coletores de lixos). Os acidentes envolvendo perfurocortantes atingem mais os auxiliares e técnicos de enfermagem, médicos e enfermeiros. “É interessante pensar que nem todos os trabalhadores têm consciência do risco biológico ou outros riscos aos quais estão expostos. Vale salientar que o baixo número de funcionários e a grande demanda de usuários também representam riscos à integridade psicofísica do trabalhador. Portanto, a organização do trabalho leva à sobrecarga de trabalho, ritmos intensos, trabalho realizado em pé, trabalho corrido, trabalho em que se realiza esforço físico etc.”, afirma Ferreira.
Com relação aos trabalhadores de enfermagem, por exemplo, segundo explica, os cuidados relativos à saúde são tomados de maneira individual e a questão parece muito mais de cunho pessoal do que da organização, e coletivo ou do ponto de vista da saúde do trabalhador. “Será que pelo fato de lidarem com a questão da saúde, os trabalhadores sentem-se acima dos problemas de adoecimento?, indaga. São dúvidas. Mas, a “onipotência” da categoria como um todo denota muito medo da realidade com a qual lidam diariamente”.
Por Emily Sobral