Com a recente publicação da Resolução da Diretoria Colegiada 306 (ANVISA) e Resolução CONAMA 358, todos os estabelecimentos de Assistência a Saúde serão obrigados a executarem o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Saúde (PGRSS).
Isto significa, em outras palavras, que os Cirurgiões-Dentistas estão incluídos nestas resoluções e deverão elaborar os respectivos PGRSS.
Neste momento questionamos: com os custos já tão elevados para mantermos um consultório ou clínica, surge mais uma norma para nos preocuparmos, ou uma taxa a mais para pagarmos?
Já não chega termos de pagar (em São Paulo) a taxa do lixo e a coleta de RSS?
Bem, estas são sem dúvida, perguntas cujas respostas não encontraremos facilmente. Porém, existem alguns aspectos os quais devemos destinar um pouco da nossa atenção, como por exemplo, os resíduos químicos que, diariamente produzimos em nossos consultórios e clínicas.
Os resíduos químicos mais perigosos e insalubres que produzimos são sem dúvida os de amálgama dentário, por muitos colegas literalmente abolidos de seus consultórios, com a constante substituição das restaurações metálicas pelas estéticas.
Tal fato nos dá certamente uma aparente “tranqüilidade”, pois estamos convictos de que não estamos mais expostos ao mercúrio metálico como outrora.
– Será que realmente não estamos expostos ao mercúrio?
– Será que além do mercúrio estamos expostos a outros tipos de resíduos que nem sequer nos damos conta?
– Será que não estamos colaborando para que o meio ambiente se torne cada dia mais hostil ao homem?
– O que estamos fazendo para que isto diminua?
Bem, talvez estas normas além de nos obrigarem a elaborar um PGRSS, tragam em sua essência um novo enfoque do comportamento profissional ou seja, a preocupação com a saúde e bem estar dos profissionais, pacientes e a preocupação com o meio ambiente.
Devemos entender, que mesmo não fazendo mais as restaurações em amálgama dentário, ainda removemos as restaurações antigas trazidas pelos pacientes.
Assim sendo, a preocupação com os resíduos gerados em nossos consultórios que se encontram na rede de esgoto, aspirados ou mesmo lançados na cuspideira figuras 1, 2, 3; também são fontes de contaminação de mercúrio no ambiente de trabalho.
Não somente a nossa atenção deve estar focada neste tipo de resíduo, como também nos líquidos reveladores que emanam vapores nocivos à saúde do profissional e são lançados na rede de esgoto sem receberem o tratamento devido.
As conseqüências ao profissional, são bem conhecidas como o mercurialismo ou hidrargirismo, cujas manifestações os dentistas só se apercebem quando são praticamente irreversíveis, e também os efeitos dos líquidos reveladores que podem até produzir problemas na tireóide, por fim, podem levar o profissional a um encurtamento do seu período produtivo.
Dr Fernando Amedeo Pace
Cirurgião Dentista
Mestre em Deodontologia e Odontologia Legal – USP
Membro do Conselho Consultor da CMQV